domingo, 31 de agosto de 2008

Sem ritmo / Soluço / 60km


Meia torta
e lá estava aberta a porta as mãos
no porta-luvas e os anéis e dedos e unhas
esmalte e
outros satélites que não haviam
em órbita eram os olhos
cegos completamente
incompletos e o teto
que nunca entendi
embaixo dos meus pés.
(eu descalço).

terça-feira, 26 de agosto de 2008

3 ponto 1


Toda palavra é teu silêncio. À margem de um rio. De janeiro. Carnaval. Uma pedra. Um ruído que me divide. Ao meio. O portão que você abre dentro do sono que me leva para casa. A engrenagem da manhã. Tudo tão cedo. Tudo tão. Seu. O quarto. 1/4 do teu cheiro. Lá. A janela que se abre para o sol. Talvez o alarme. Os relógios. Sete horas. A manhã. O silêncio. Teus passos são escadas. Os degraus são meus. Também em silêncio. Os postes. Cortinas. A chave da porta. No mesmo lugar. Convencer a fúria dos teus cabelos. Meu mundo que é seu. Mesmo pela distância. Calendário dividido. Rabiscado. A teu gosto. O mês é teu. Teu inferno. Teu astral. A palavra parada no meu signo. E carros. passando. Na tempestade da avenida. De manhã. Logo ali. Um desvio. E chão. E pedra. (E o mar?) Um fim pra te recomeçar.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Aonde está Paris esta noite?


Guardar a dor
na gaveta dos remédios:
As vírgulas
que somos.

Um nó
de nuvens brancas
arrasta o mar.

E lá se vão
artérias
e
lágrimas.

Num
piscar de olhos.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

E-mails e mais


Da janela
contra-mão de olhares
flechas
na correnteza de janeiro
desfilando quase
um carnaval de espera.
Fecho o mesmo livro,
rabiscando a luz ainda,
salvando as reticências
esquecidas
onde
o concreto rachou.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Daquela tarde


Risco visto

em ventania
como regra.

Âncora
de queda enquanto
solidão.

Parabólica cuspida
salva um afogado.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Da guilhotina ao mp3


E todos os livros.
Enferrujado papel.

Em música
de quadros
Tarsila ouve.

Estampa
no pulso.

2º tempo
de outro
zero à zero.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Romaneio


Multiplicando
as escolhas.

Engolindo
pedras.

Nada além
de uma janela
estancada no pulso
e meus dedos
de 100 km por hora.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Aos domingos


Sem um sinal:
E já começo a dizer.
Sim, uma chance
na espuma branca.
Colortrend.
Quase um céu
de tantas nuvens.

Bangladesh amanhece


Me perde na curva.

Só fica teu céu pra navegar
meu rosto na manhã.

Uma chance a menos
pra desfazer as linhas
em órbita no beijo.

Claridade nas mãos.

Articula-se o tempo
de um horizonte vago.

Nem pedras e poemas
ou pastilhas.

Esforço de planta
pra crescer.

Nego a fome
que teus olhos me ensinaram.

Suspensa fica a fagulha.

Estrela do mar em chamas.

Paisagem que nenhuma
ferida fecha.
Até segunda ordem.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

47 páginas depois


Rimar outro céu.
Desfilar exclamações de 20 mil bocas
sobre a pele.

Instância de outro significado.

10 vezes o azulejo e mais
:Dádiva que encontra sonora a cor.

Teorema de culpa
e cápsulas na alegoria.

Fixa-se o olhar.

Ironia de choro e batom.

Química do fogo
em voz baixa.

pétalas de chuva
pro alento de uma noite.